Todo final de ano fazemos promessas para nós mesmos – como a de emagrecer. Mas os projetos e compromissos de Ano Novo, na maioria das vezes, não alcançam o carnaval. Por que isso acontece? Como fazer diferente?
Comecemos pelo problema. Nossas resoluções de Ano Novo, tomadas em ambiente de férias, descanso ou pausa da rotina diária, perdem o fôlego quando voltamos para a rotina normal. Digamos que elas disputam espaço com os compromissos diários.
Aquela lista de mudanças no estilo de vida para os próximos 12 meses é projetada em condições ideais – longe, bem longe da realidade. Quem de nós não presenciou um amigo sedentário que queria emagrecer dizendo: “Ano que vem vou caminhar e comer frutas todos os dias”.
Pois o ano começa e, na primeira semana, tudo vai como programado. Ele anda bastante e, no final do exercício, ainda dá um pulo na feira para encher a fruteira. Aí, na terceira semana, pula uma sessão de caminhada. “Ah, estou estressado e cansado. Hoje eu mereço”.
Quando chega fevereiro, a atividade física e as frutas perdem espaço para o chope e o salaminho: “O calor anda insuportável, estou cansado… e o carnaval está logo ali”.
Eis que, depois da folia, ele já abandonou por completo as promessas que fez na virada do ano. E lá se foi o projeto de mudança de hábitos. Até que, dali a dez meses, chega o Ano Novo e tudo se repete.
Esse padrão de comportamento é bem descrito na literatura científica e tem base nos chamados motivadores intrínsecos e extrínsecos. Falamos disso no livro O Fim das Dietas.
Quando os motivadores para um estilo de vida saudável são extrínsecos, ou seja, não possuem uma forte ligação com seus valores, você fica muito tentados às recompensas imediatas. Nesse cenário, é até injusta a competição entre um projeto de longo prazo (perder a gordurinha que saltava do biquíni ou da sunga e não voltar a tê-la) versus o prazer instantâneo de aproveitar o chocolate, o chope e o churrasco.