Polícia Civil prende grupo acusado de vender medicamentos controlados e proibidos
A polícia do Rio prendeu, nesta quinta-feira (8), um grupo que vendia ilegalmente, pela internet, remédios de uso controlado. Os suspeitos também negociavam medicamentos proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A reportagem é de Felipe Freire e Carlos de Lannoy.
A polícia monitorou os criminosos, presos nesta quinta, em Maricá, Região Metropolitana do Rio. Descobriu que Paulo Jardel Cavalcante Espíndola e a mulher dele, Bruna Medeiros Boechat, tinham um hábito curioso: várias vezes por semana, eles levavam sacolas de lixo para uma agência dos Correios em Niterói. Imagens mostram Paulo entrando na agência após o fim do expediente.
A polícia interceptou os carregamentos e achou centenas de envelopes. Encomendas de clientes de todo o Brasil que compraram remédios proibidos ou controlados. Tudo à venda num site hospedado num servidor dos Estados Unidos.
Remédios tarja preta, sem receita; antibióticos, anabolizantes. Um vídeo no site ensina como injetar um produto para perda de peso.
A polícia descobriu que parte dos remédios vendidos no site chegava de Foz do Iguaçu, no Paraná. Lá, foram presos o coronel da Reserva da PM paulista Antônio Sergio Marsola e a mulher dele, Flávia Conceição.
O nome de Flávia Conceição aparece num carregamento de 200 comprimidos proibidos que provocam aborto. "A gente tem aqui crime contra a saúde pública, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas... E quantos abortos foram cometidos?", declarou o delegado da Polícia Civil Luiz Henrique Marques.
O casal chegava a faturar R$ 150 mil por mês com as vendas ilegais pela internet. A equipe do JN também comprovou a venda de remédios para emagrecer e tranquilizantes.
Bastaram dois dias e a encomenda chegou a um endereço no Rio. Agora, a polícia vai pedir o fechamento do site. Outros criminosos também oferecem remédios proibidos por telefone. O ponto de entrega é um camelódromo no centro do Rio
Na semana passada, a produção do JN recebeu de um vendedor uma caixa de anfepramona, usada para a perda de peso. O vendedor Bruno Sérgio Honorato de Paula foi preso dias depois. Na casa de Bruno, na Zona Oeste do Rio, a polícia encontrou um laboratório. Cápsulas vazias, recipientes e várias substâncias suspeitas.
O JN enviou a um laboratório os remédios de Bruno e também aqueles que compramos pela internet. Nenhum deles passou no teste.
“As análises mostraram que as cápsulas estavam adulteradas. O princípio ativo descrito no rótulo não estava presente, mas estava presente outro princípio ativo", afirma Jones Limberger, do departamento de química da PUC/Rio.
Os Correios declararam que nenhum funcionário está autorizado a abrir encomendas nem correspondências. E que, em caso de suspeita de ilegalidade, o objeto é retido e a empresa entra em contato com o órgão competente; nesse caso, a Anvisa.