Menino desaparecido nos anos 90 encontra família 27 anos depois: panfleto

  Sexta, 27 de novembro de 2020
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Menino desaparecido nos anos 90 encontra família 27 anos depois: panfleto

    Uma história de filme! Um menino brasileiro vítima violência doméstica, que fugiu de casa quando tinha 5 anos de idade e se perdeu, conseguiu localizar a família agora, 27 anos depois de muita procura, angústia, algumas lembranças e muita saudade.

    Antônio Carlos lembra que naquele dia fatídico correu até um ônibus, adormeceu durante a viagem e quando viu estava em Fortaleza. A criança do Cariri se viu sozinha em plena cidade grande.

    O menino viveu nas ruas e em abrigos da capital, até que foi adotado por Bernardo Rosemeyer, um ex-frei alemão radicado no Ceará e que acolhe crianças e adolescentes em extrema vulnerabilidade social na Associação Pequeno Nazareno, em Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza.

    E só agora, com 32 anos de idade, casado e pai de uma menina, o motorista Antônio Carlos da Silva, morador de Maranguape, vai finalmente conseguir reencontrar a família. Um amigo dele distribuiu panfletos na cidade e um deles foi parar nas mãos do irmão caçula de Antônio Carlos, que ele nem chegou a conhecer.

    A história

    Quando tinha cinco anos de idade, o menino correu e entrou num ônibus de um terminal de beira de estrada onde costumava brincar e pedir dinheiro.

    Ele dormiu durante a viagem e, ao acordar, percebeu que já estava longe, em Fortaleza.

    O garoto perdido, cresceu de rua em rua, depois de abrigo em abrigo, até chegar à Associação Pequeno Nazareno, onde foi adotado pelo ex-frei alemão Bernardo Rosemeyer.

    Lembranças vagas

    Quando foi adotado, o menino tinha certeza apenas do nome dele, Antonio Carlos, o da mãe, Geane e a cidade onde nasceu: Juazeiro.

    E lembrava de uma imagem: segurando a mão da avó subindo o horto para conhecer a estátua de Padre Cícero, em “Juazeiro, Juazeiro”, ela dizia.

    Outra lembrança era de uma irmã, ainda de colo, outra que já andava, um irmão chamado Diego, um tio, Nino, que fazia carrinhos de barro e lhe dava de presente… e de um padrasto que batia na mãe dele.

    Antonio Carlos também sabia que Geane trabalhava fazendo a limpeza de um motel, ou hotel e quando não tinha com quem deixar, levava o filho para o trabalho.

    “Em sonho, já voltei muitas vezes pra casa”, diz. E nessas voltas, ele via um lugar com duas colunas de ferro sustentando um teto, talvez de alumínio. No meio do lugar, uma cabine de compra e venda de passagens. Atrás dela, um banheiro.

    Ele não tirava o lugar da cabeça, e acha que morava ali perto. Ou melhor, de casa para lá eram alguns poucos passos após atravessar um matagal, à margem de um rio ou lagoa, onde via pessoas pescando.

    Questionamentos

    Durante todas essas décadas, Antônio Carlos sempre se perguntava: “Será que minha mãe me procura?” e chegou a ter raiva por não saber se era procurado.

    Aos dez ele entrou novamente em um ônibus e foi parar em Juazeiro do Norte. Saiu perambulando por lá, tentando reconhecer o caminho de casa e dos sonhos. Mas não conseguiu.

    Desabafo

    Agora, mesmo depois de adulto, pai adotivo percebia a angustia de Antônio Carlos para descobrir as raízes, que ele era.

    “Ele era muito calado. Mas chegou um momento em que conversamos sobre isso e ele mesmo decidiu que queria procurar a família biológica, resolver isso na cabeça dele”, disse Bernardo Rosemeyer ao Diário do Nordeste.

    Depois de uma conversa aberta, Bernardo e Carlos tiveram a ideia de fazer panfletos com a história e a foto mais próxima dele, da época do desaparecimento.

    Eles começaram o texto dizendo com “Há 27 anos não vejo a minha mãe” e terminaram com “a esperança me impulsiona de continuar nessa busca, independente do resultado”.

    A descoberta

    Um amigo dele, também chamado Antônio Carlos, entrou na campanha e viajou para o Cariri, com destino a Juazeiro, com dois mil panfletos nas mãos.

    Alguns ele deixou no hotel municipal de Araripe. Um enfermeiro passou por lá, pegou o panfleto, levou pra casa, leu com atenção e se assustou.

    Na tarde de terça-feira, 24 de novembro, ele ligou para o número que estava no papel e, entre um diálogo e outro, as semelhanças só aumentavam.

    “Cara, tu é meu irmão. Eu não tô acreditando!”.

    O incrédulo era Clécio, que nasceu depois do desaparecimento de Carlos.

    Nunca se esqueceu

    Nas conversas, Clécio contou coisas boas e ruins.

    A mãe de ambos, Geane, faleceu em 2017, vítima de câncer.

    Clécio disse que ela nunca se esqueceu do filho desaparecido, nem deixou de procurar.

    E se angustiava sempre que via os outros saindo de casa. Não queria passar por aquilo de novo.

    “Ela sempre falou desse filho, sempre dizia que alguém tinha carregado. Poucos dias antes de morrer, ela falou que viveu com um cara que batia muito nela e acabava batendo no Carlos também. Numa briga, ele fugiu de casa. E daí ela acha que depois alguém o carregou”, disse Clécio.

    Ele contou que ninguém mora mais em Antonina do Norte, cidade do Cariri onde Carlos viveu e de onde fugiu.

    Os outros irmãos, Diego (Mora em Goiânia), Fernanda e Natália (moram em Petrolina-PE) estão vivos e vibraram de alegria com a novidade.

    O reencontro

    A avó Francisca mora em Lagoa Grande (PE). Dona Mocinha, como é conhecida, ainda não sabe da novidade – os netos vão viajar no próximo fim de semana para contar pessoalmente que Carlos foi encontrado.

    Até lá, ele tem conversado com Clécio por chamadas de vídeo.

    Em meio à alegria, ficou triste ao saber que a mãe se foi. Mas comemorou os irmãos que logo mais reencontrará. A família aumentou.

    “Num ano de tantas tragédias, um milagre”, concluiu Antonio Carlos.

     

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