Na terça-feira (20), o Sintepe disse que, em assembleia feita pela internet, os profissionais decidiram que não retomariam as atividades presenciais. O secretário de Educação, Fred Amâncio, afirmou que o calendário de retomada foi mantido mesmo assim e os alunos do 3º ano teriam aula nesta quarta, respeitando os protocolos de prevenção à Covid-19.
A Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Tito Pereira De Oliveira, localizada na Estrada de Aldeia, em Camaragibe, no Grande Recife, estava pronta para receber os alunos logo cedo. Apesar de professores estarem no local, apenas uma estudante havia chegado até 8h25.
Por volta das 7h45, João Pedro Bento da Silva, de 18 anos, foi o primeiro aluno do 3º ano a chegar no Ginásio Pernambucano, em Santo Amaro, no Centro do Recife. "Eu vim sem saber se teria aula", afirmou o estudante.
"Eu trouxe meu filho, mas a gente fica na dúvida porque o governo diz uma coisa e o sindicato diz outra", disse Maria Silva, mãe de João Pedro.
De acordo com o gestor da escola, Paulo Bruno, as aulas para o 3º ano começaram às 9h, indo até as 13h. "Criamos um comitê com professores e alunos para organizar os horários, porque havia apreensão por parte de todos", declarou.
No Ginásio Pernambucano, os 11 professores das turmas de 3º ano retornaram às atividades nesta quarta (21). Dos 195 alunos da instituição, 92 quiseram retornar às aulas presenciais. "Os que voltaram vão permanecer na modalidade híbrida, ou seja, saem da escola e retomam as aulas de forma remota", contou o gestor.
Dos 23 professores da Erem Sizenando Silveira, a expectativa é de que 15 retornassem às atividades presenciais. "Temos seis professores com comorbidades e outros dois disseram que iam pensar sobre a volta", afirmou a gestora da escola, Márcia Nogueira.
Ainda de acordo com ela, 80% dos alunos das turmas de 3º ano do ensino médio demonstraram vontade de voltar às escolas, de um total de 180 estudantes. "Tivemos reuniões online com eles e com os professores, passamos todo o protocolo setorial", disse. "No início do ano, a minha expectativa era de concluir o 3º ano de forma espetacular. Agora, a minha expectativa é de somente terminar o 3º ano", contou a estudante Ana Letícia Barros, de 17 anos.
"Eu vim no dia em que as aulas iriam voltar [6 de outubro] e estava tudo certo, com termômetro, tapete. Só tirei a máscara na hora do almoço. Hoje a expectativa é de ter aula", disse Rodrigo Henrique, de 17 anos, aluno da Erem Sizenando Silveira, enquanto higienizava as mãos, assim como outros colegas.
Por volta das 8h15, os estudantes foram orientados a entrar em fila na escola, mantendo o distanciamento social. Um funcionário mediu a temperatura dos alunos, e, em seguida, os estudantes foram orientados a limpar os sapatos em um tapete sanitizante e a limpar as mãos com álcool em gel.
Na Erem Dom Sebastião Lemes, no bairro do Ibura, na Zona Sul do Recife, todo um esquema foi montado para receber os estudantes. Os alunos foram divididos em nove turmas. Originalmente, eram três salas.
"Nossa escola tem três turmas do 3º ano e foram divididas em salas com 15 alunos cada uma. Nós estamos com a quantidade esperada de professores, eles já estão em sala", disse a diretora Fabíola Baracho.
Em nota, o Sintepe afirmou que a greve da categoria foi aprovada por 91,6% dos 1,5 mil participantes da Assembleia Geral Virtual. Também disse que, em 30 anos de história, “nunca se negou ao diálogo” e que “o roteiro de ações da comissão paritária deveria ser cumprido, como, por exemplo, a fiscalização completa das escolas que serão reabertas”.
Por meio de nota, a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco afirmou que, no primeiro dia de aulas da rede estadual, 11% dos professores aderiram à paralisação e não compareceram às escolas.
"Mesmo com o retorno às aulas presenciais sendo facultativo, a presença dos alunos foi satisfatória e a expectativa do órgão é que a presença dos estudantes aumente significativamente nos próximos dias, uma vez que foi constatado que o principal motivo das ausências de hoje em relação ao previsto deve-se às dúvidas provocadas por informações divulgadas sobre se haveria ou não aulas devido a greve", afirmou a pasta.
O governo também afirmou que as escolas da rede pública estadual "se prepararam nas últimas semanas para essa retomada das aulas presenciais, o que foi constatado pelos próprios representantes do Sintepe durante as visitas realizadas na semana passada em comissões paritárias (representantes da SEE e do Sintepe), criadas para atender ao pleito da referida instituição sindical".
Essa não foi a primeira vez que o sindicato que representa os professores anunciou que não vai retomar atividades presenciais. Em setembro, os docentes disseram, pela primeira vez desde o começo da pandemia, que não cumpririam o cronograma estabelecido pelo governo. Na época, foi determinada uma multa diária de R$ 50 mil pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).
As aulas em instituições de ensino foram suspensas em todo o estado desde março, para evitar a disseminação do novo coronavírus. Já houve retomada de aulas no ensino superior, em cursos técnicos, profissionalizantes e de idiomas.
Depois de mais de seis meses com as portas fechadas, as escolas da rede estadual tiveram reabertura inicialmente marcada para o dia 6 de outubro, pelo governo do estado. Alunos do 3º ano do ensino médio foram os primeiros a retornar e chegaram a ter aulas.
No entanto, o Sintepe conseguiu, na Justiça, uma liminar, e a retomada das aulas foram suspensas no começo de outubro. A decisão foi suspensa pelo TJPE dias depois. Com isso, foi marcado o retorno do 3º ano para esta quarta-feira (21).
Segundo o cronograma atual da Secretaria de Educação, os próximos a voltar são os alunos do 2º ano do ensino médio, no dia 27 de outubro. Já para o 1º ano, a retomada ocorre no dia 3 de novembro.
As escolas particulares já retomaram as aulas de todo o ensino médio, do 1º ao 3º ano. O ensino fundamental e a educação infantil, por sua vez, estão com atividades suspensas até 31 de outubro tanto na rede pública quanto na privada.
Segundo o presidente do Sintepe, Fernando Melo, a orientação da entidade foi para que a categoria não retome as atividades presenciais nesta quarta (21). Segundo ele, o governo determinou a data de forma unilateral, sem negociar com o sindicato.
Além disso, disse Melo, não foram cumpridos itens do acordo feito em setembro e não foram visitadas todas as escolas de ensino médio para saber como está a situação sanitária, trabalho que deve continuar a ser feito nos próximos dias.
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