Resultados preliminares e parciais apontam que a vacina desenvolvida pelo grupo Johnson & Johnson contra a Covid-19 é segura e induziu resposta imune mesmo após uma única aplicação.
Os resultados são referentes a uma parte dos participantes das fases 1 e 2, que foram conduzidas de forma conjunta. Eles ainda não foram revisados por outros cientistas – requisito necessário para publicação em revista científica – mas foram disponibilizados em um repositório on-line na sexta-feira (25).
A imunização, cujo nome oficial é Ad26.COV2.S, foi desenvolvida pela farmacêutica Janssen Pharmaceuticals, que pertence ao grupo J&J. A imunização foi a quarta a obter autorização de testes de fase 3 no Brasil, em agosto; na semana passada, a empresa anunciou que começaria a terceira etapa em todo o mundo, com 60 mil voluntários. No Brasil, segundo a Anvisa, haverá 7 mil participantes.
Ao todo, os testes foram feitos com 796 participantes, divididos em 3 grupos (que não tinham, necessariamente, a mesma quantidade de voluntários cada um).
As pessoas foram distribuídas em cada grupo de forma aleatória (randomizada), e nem os voluntários, nem os pesquisadores sabiam quais pessoas receberam qual dose ou se receberam o placebo (esse tipo de estudo é chamado de "duplo-cego").
Com as informações que estavam disponíveis, os pesquisadores concluíram o seguinte:
"Todas as outras vacinas de Covid-19 atualmente em desenvolvimento requerem duas doses, enquanto as respostas de anticorpos neutralizantes em todos os participantes relatados foram obtidas após uma única dose de Ad26.COV2.S", destacam os cientistas no estudo.
"Uma vacina eficaz de dose única teria vantagens sobre uma vacina de duas doses em termos de implementação, especialmente durante uma pandemia", pontuaram os pesquisadores.
"A potência de uma única vacinação com nossa vacina candidata Ad26.COV2.S é apoiada por nosso estudo recentemente relatado em primatas não humanos, em que uma única dose forneceu proteção completa contra a replicação do Sars-Cov-2 no pulmão e quase completa proteção contra a replicação viral no nariz", afirmaram na pesquisa.
Eles lembram, entretanto, que ainda não se sabe qual é a "quantidade" de resposta imune necessária para garantir proteção contra a Covid-19 – e que mesmo vacinas que gerem uma resposta imune mais "fraca" podem ser suficientes para proteger contra a doença.
Os resultados da vacina em macacos foram publicados no dia 30 de julho na revista científica "Nature", uma das mais importantes do mundo.
Nos testes de uma vacina – normalmente divididos em fase 1, 2, e 3 – os cientistas tentam identificar efeitos adversos graves e se a imunização foi capaz de induzir uma resposta imune, ou seja, uma resposta do sistema de defesa do corpo.
Os testes de fase 1 costumam envolver dezenas de voluntários; os de fase 2, centenas; e os de fase 3, milhares. Essas fases costumam ser conduzidas separadamente, mas, por causa da urgência em achar uma imunização da Covid-19, várias empresas têm realizado mais de uma etapa ao mesmo tempo.