No inquérito em que indicia Ronnie Lessa por tráfico internacional de armas, a Polícia Civil descobriu um áudio em que o ex-PM comemora quando uma facção do tráfico tomou uma localidade na Zona Norte do Rio.
“Temos um trecho em que ele comemora que o Terceiro Comando Puro assumiu o controle das bocas de fumo de uma determinada comunidade. Segundo ele, seria mais fácil comercializar [as armas]”, afirmou Marcus Amim, titular da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme).
Segundo Amim, Ronnie traficava armas dos Estados Unidos desde 2014 com a ajuda da filha. Mohana Figueiredo morava nos EUA e também foi indiciada. "Até pouco tempo antes de ser preso, ele estava praticando essa atividade", explicou Amim.
O G1 apurou que o destinatário do áudio da comemoração é o sargento do Corpo de Bombeiros Maxwell Simões Corrêa, o Suel.
Suel foi preso mês passado, pela Delegacia de Homicídios, suspeito de ter ajudado Lessa a se desfazer da arma usada no atentado contra Marielle. A polícia afirma que a metralhadora MP5 e outros fuzis foram jogados no mar.
Mohana Figueiredo Lessa, de 24 anos, passou três períodos nos Estados Unidos, uma vez com visto temporário e duas com visto de trabalho em Atlanta, no Estado da Geórgia.
A Desarme também indiciou Mohana.
Segundo a polícia, Lessa comprava as peças de armas em vários sites, inclusive estrangeiros, e as enviava para o endereço da filha.
Mohana, por sua vez, recebia as peças e enviava fotos para o pai, que a orientava sobre o que fazer com o material antes de enviá-lo para o Rio de Janeiro.
Segundo a polícia, a participação dela no esquema era “muito importante”.
“Os sites não mandam esse tipo de material para o Brasil. Lá, ela era orientada a tirar das caixas originais, que especificavam qual material era, colocava em outras caixas com o tipo ‘peças de metal’. E assim não chamava a atenção das autoridades aeroportuárias brasileiras”, afirmou o delegado Marcus Amim.
Ainda segundo Amim, Mohana mandava esse material de forma fracionada. "Aqui no Brasil com o seu conhecimento, montava e revendia".
A investigação ainda encontrou indícios de que um dos filhos de Lessa, menor de idade, tirou fotos com armas reais. Por isso, segundo Amim, parte da investigação foi enviada para a Vara de Infância e Juventude.
"Tem algumas fotos que ele ostenta o que a gente crê que sejam armas de fogo de verdade. Por isso, ele já é passível de receber medidas socioeducativas", explicou o delegado.