Cinco pacientes com mais de 100 anos se curaram da Covid-19 em unidades de saúde do Rio de Janeiro. Eles fazem parte da lista de recuperados da doença que chegou a 101.554 nesta segunda-feira (6).
Os dados são do painel do Governo do RJ – que classifica como "recuperado" o paciente que sobreviveu ou não está internado após 14 dias da data de notificação/coleta ou início dos sintomas.
Conheça abaixo alguns idosos que superaram momentos de internação e recuperação.
Um dos pacientes é Alberto Abby. Quando ele começou a apresentar tosse, dor de garganta e febre baixa, a família ficou alerta. Aos 101 anos, o viúvo não saía de casa desde março. Alguns exames depois, o diagnóstico: ele estava com Covid-19. O caso apresentou sintomas leves, foi tratado em casa e superou a doença.
Durante um mês, seu Alberto sentiu fraqueza e falta de apetite. Agora, lúcido e falando de maneira calma, se orgulha de ter superado a Covid. O filho dele, o médico Flávio Abby, conta que viveu momentos de muita apreensão.
“Em relação ao pai dá um alívio enorme. Saber que passou por esta com facilidade é muito bom”, afirmou.
Nair
Nair Santos, que é alguns meses mais velha que Alberto, passa bem após ficar internada por oito dias no Hospital Norte D'Or, em Cascadura, durante o mês de abril .
De acordo com especialistas, a ciência já observou que os idosos estão entre um dos grupos mais vulneráveis à Covid-19. Porém, ainda não se sabe por qual motivo alguns deles passam melhor do que os outros pela doença, que pode ser agressiva em alguns casos.
“Não temos uma resposta definitiva. Estamos estudando vários marcadores e questões relacionadas à imunologia dos pacientes, mas ainda não temos uma resposta definitiva”, explicou o médico infectologista Roberto Medronho, da UFRJ.
Lelete
Lelete Aximoff teve a Covid-19 ainda no começo da pandemia, quando ainda não tinha completado 100 anos. Ela ficou isolada em casa, mas se recuperou a tempo do aniversário, comemorado no dia 24 de junho. A celebração respeitou as regras de isolamento social.
“Infelizmente, por conta da pandemia, a família não pode vir, mas curtiram por uma live que a gente fez com grande parte da família”, explicou a neta, Carla Araújo Aximoff.
Raul
Raul Gomes da Silva, de 88 anos, é o caçula desta reportagem. Ainda não tem cem anos, mas depois de se recuperar da Covid-19, ele faz parte da estatística dos quase 800 cidadãos com idade entre 80 e 89 anos que se recuperaram no RJ, de acordo com a secretaria de saúde.
Ele foi atingido pela doença mesmo tendo tomado cuidado e saindo pouco de casa. O aposentado explica sobre os sintomas que o levaram a buscar ajuda.
“Eu passei uma semana sem vontade de comer, só com vontade de dormir. Levantava para ir ao banheiro e voltava para o sofá”, contou.
Os sintomas o levaram a procurar ajuda no Hospital São Vicente de Paulo, na Tijuca, na Zona Norte do Rio, onde ficou internado por 14 dias.
Ele recebeu alta no dia 5 de junho, mas ainda não se sente completamente recuperado. Ainda sente fraqueza no corpo mas percebe que está recuperando a força e o equilíbrio aos poucos. Raul também destaca o apoio da família e de amigos em um momento de fragilidade.
Ele explicou como é difícil uma internação pelo coronavírus para uma pessoa idosa, e fez uma comparação.
“Você está em um deserto, separado da família e sem nada. Eles se transformam em amigos, ajudantes, auxiliares”, disse se referindo, agradecido, aos profissionais de saúde e de serviços que cuidaram dele.
Cuidado com os idosos
O infectologista Roberto Medronho destaca que durante a pandemia, é preciso que todos fiquem atentos à saúde dos mais velhos e assumam a responsabilidade por um cuidado maior com eles, evitando riscos desnecessários que possam levar a uma contaminação.
“Eu tenho visto praias lotadas, calçadão lotado, muita gente sem máscara, muita gente aglomerada. Mas a maioria delas jovens ou adulto jovens. É chamar a responsabilidade destas pessoas que estão saindo sem uma necessidade clara, muitos saindo para se divertir, que eles podem estar levando para o interior dos seus lares o vírus. E que pode infectar a sua mãe, seu pai, sua avó, seu avô, seu tio, sua tia. Ou seja, seu ente querido mais idoso que está em casa e quarentena”, afirmou.