Para o combate e prevenção a qualquer doença informação e dados são sempre aliados importantes. Muito mais do que apontar desempenhos ou “culpados”, os estudos sobre o novo coronavírus tentam lançar luz a cenários e condutas possam influenciar no ritmo da contaminação, número de óbitos ou mesmo de capacidade de manter índices menores da covid-19.
O estudo Índice de Vulnerabilidade dos Municípios (IVM), elaborado pelo Instituto Votorantim para nortear as ações e doações do grupo industrial, indica o grau de vulnerabilidade de cada município brasileiro em relação aos impactos provocados pela pandemia. Ele permite a realização de buscas por regiões geográficas, pilares temáticos, níveis de criticidade e o cruzamento com o número de casos confirmados e óbitos por município, que são atualizados diariamente.
Ou seja, o IVM não toma apenas como base o número de casos ou óbitos, por exemplo, mas a estrutura das cidades (distância dos serviços de saúde, acesso à água, crucial para higienização, entre outros, e como isso facilita ou dificulta o combate à covid-19.
No estudo, Delmiro Gouveia, de 52 mil habitantes, figura em 6º lugar, numa lista encabeçada pela cidade de Mojuí dos Campos, cidade do Estado do Pará, ainda menor que Delmiro, com 32 mil habitantes. Veja a lista completa:
Cidades pequenas lideram IVM
O diretor geral do Instituto Votorantim, Rafael Gioielli, explica a liderança das cidades pequenas como Delmiro Gouveia nas principais posições do ranking.
“A distância dos serviços de saúde e das informações poderiam afetar quem mora nos municípios menores, rurais. É só lembrar que muitas pessoas no sertão nordestino não tem acesso a água nem a saneamento básico. Então, como elas podem lavar as mãos, que é a forma básica de prevenção ao vírus?”, argumenta.
o IVM calculou a população vulnerável, a economia local, a estrutura e organização do sistema de saúde (com ênfase nos leitos, equipamentos e população coberta pelo SUS) e capacidade fiscal da administração municipal. “O indicador sintético é uma ferramenta a mais para decidir, priorizar, agir e depois avaliar. Nessa hora em que todo mundo está precisando, dá ideia do que é mais necessário fazer”, opina Gioielli.
Números locais
A presença da cidade alagoana no IVM inspira cuidados, assim como nos municípios vizinhos, considerando a facilidade de transmissão do vírus e o número parecido de casos da doença entre a grande maioria dos municípios alagoanos, como mostram os boletins da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).
Pelo boletim divulgado pela Sesau nesse domingo, 05, Delmiro aparece na 27ª posição no número de casos confirmados de covid-19; e 31º no número de óbitos.
Prefeitura anuncia investimentos
Em contato com o TNH1, a prefeitura afirmou que enviará ainda hoje nota sobre o estudo divulgado pelo UOL.
A desinfecção é feita periodicamente, segundo a Secretaria de Comunicação, nas áreas onde haja grande circulação de pessoas como Mercado Público, Feira Livre, Pólo Comercial, Unidades de Saúde, UPA, SAMU, SESP, Repensar, CAPS, Agências Bancárias, Casas Lotéricas, Prefeitura e o calçadão do centro da cidade.
“Com os recursos enviados pelo Governo Federal e Estadual, estamos ampliando as ações de proteção para a população. Este processo de desinfecção sanitária e algo extremamente eficaz para o combate ao COVID-19 e a eficiente proteção da nossa população. Não podemos medir esforços neste combate e preservação da vida dos delmirenses”, destacou o Prefeito, Padre Eraldo.
A prefeitura também divulgou a instalação de dois módulos com 8 lavatórios cada um, na área da Feira Livre e do Mercado Público da cidade.
Em outro índice, cidades de regiões metropolitanas lideram ranking
Diferentemente do IVM, o Índice de Vulnerabilidade ao Alastramento do Coronavírus, organizado pela Fundação Perseu Abramo, apontou cinco municípios de regiões metropolitanas como os mais ameaçados pela pandemia: São João de Meriti (RJ), Taboão da Serra (SP), Carapicuíba (SP), Nilópolis (RJ) e Diadema (SP).
Nesse levantamento, a densidade demográfica e a presença de favelas foram preponderantes para a seleção dessas localidades.
“Nosso estudo tem informações separadas por município e por vulnerabilidade para os governos pensarem em ações específicas para diminuir o risco de pessoas que precisam sair às ruas. Nos bolsões de informalidade, por exemplo, pode haver uma renda cidadã local, complementar ao dinheiro enviado pelo governo federal, para que pessoa não vá trabalhar nesses dias. Ou fazer testes de contágio em bairros mais vulneráveis para que essa testagem seja mais eficiente”, afirma Ronnie Silva, geógrafo responsável pelo IVC.
Gioielli, do Instituto Votorantim, destaca a complexidade dos cenários, que permitem diferentes conclusões. “São assuntos complexos e múltiplas dimensões que não cabem em um só número. Nesses indicadores sintéticos há sempre o risco de simplificação. Mas se houver inteligência na montagem do índice, ele ajuda muito para a análise, o planejamento e a ação”, ressalta.