Pandemia elimina primeiro semestre de 26 mil alunos da Ufal

  Segunda, 27 de abril de 2020
  gazeta de alagoas    |      
Pandemia elimina primeiro semestre de 26 mil alunos da Ufal

    A abertura da Universidade Federal de Alagoas para atividades presenciais só após cessar o perigo de contaminação pelo novo coronavírus. Até lá, as salas de aula permanecem fechadas. “Não tem nenhuma chance de a Ufal reabrir até o fim desta pandemia”. A afirmação é do reitor, professor Josealdo Tonholo. A medida adotada pelo Conselho Universitário (Consuni) da universidade está na contramão das intenções do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que defende a abertura das federais. A decisão de manter a universidade fechada é do conselho, depois de avaliar o cenário da Covid 19. “Dentre os 26 mil alunos, temos mais de 6 mil que se deslocaram de outros estados onde o vírus contamina parcela significativa da população. Esses alunos voltaram para as suas casas e alguns tiveram contatos com vírus. É muito risco eles voltarem para Alagoas agora”, ponderou o reitor.

    Na maioria das universidades, as aulas foram suspensas por determinação dos conselhos superiores de cada instituição. No caso de Alagoas, a medida foi resolução referendada pelo Consuni numa reunião liderada pelo reitor. A decisão aconteceu no dia 16 de março, coincidentemente naquele momento começaria o período letivo de 2020, por causa do calendário acadêmico que tinha sido prejudicado pelas sucessivas greves dos últimos anos.

    No processo seletivo, 5.800 novos estudantes estariam iniciando as aulas. Do total de novos alunos, 3 mil estudantes são de Pernambuco, Bahia e São Paulo, que hoje apresentam as maiores vulnerabilidades em relação à contaminação pela Covid 19. “Naquele momento (16 de março) se a Ufal tivesse retomada as atividades didáticas, teríamos a maior movimentação de pessoas de outros estados em Alagoas. Situação comparável ao caso dos turistas que chegaram de navio no Recife com sintomas e contaminação do corona”.

    A universidade tem hoje uma comunidade superior a 45 mil pessoas na capital e no interior. Desses 26 mil são estudantes, 1,8 mil professores, 1,8 mil técnicos, mais de 5 mil trabalhadores terceirizados, além de acadêmicos de outras instituições, pesquisadores e prestadores de serviços que frequentam os campi frequentemente. A instituição mobiliza centenas trabalhadores dos 102 municípios que fazem transporte dos alunos ou participam de atividades extras na academia.

    Calendário

    Ao ser questionado como ficará o calendário acadêmico do primeiro semestre, o professor Tonholo destacou que a suspensão das aulas foi uma medida difícil porque há diversas implicações. “Ao examinar a situação hoje, percebo que essa foi a melhor atitude para ajudar no combate à contaminação em nosso estado. Acredito que se a gente não tivesse suspendido as aulas, poderíamos ter uma situação difícil nas estruturas de saúde, por causa da mobilidade de estudante que vem dos outros estados e do interior que chegam em centenas de ônibus das prefeituras. A universidade disseminaria a doença para todo o Estado. Era muito risco”, avaliou.

    O calendário escolar é aprovado anualmente. Diante do risco, o Consuni decidiu cancelar o calendário. Isso só acontece em situações excepcionais como greve prolongada ou como esse caso da pandemia do coronavírus.

    Funcionamento

    Suspender as atividades presenciais de sala de aula não pode significar paralisia total na disse um aluno pesquisador. O reitor Josealdo Tonholo concordou e garantiu que as atividades de iniciação científica permanecem funcionando, os orientadores de especialização, mestrado e doutorado mantém seus cronogramas, publicando trabalhos, exercendo atividades de bancas de defesa e relatórios. Assegurou que os estudantes recebem bolsas de pesquisas para graduando e de iniciação científica. “Não estamos parados. Pelo contrário. Estudamos nos preparando para voltar as atividades, quando tudo isto passar”.

    O reitor está convencido de que nada mais será como antes. Haverá, segundo ele, mudanças profundas no mundo. Acredita que as universidades brasileiras usarão mais os benefícios das novas tecnologias da informação. “Queremos sair melhor deste processo. As novas tecnologias têm que ser utilizadas como instrumento de Educação. Hoje, fazemos uso de videoconferência o dia inteiro e com todos os setores. Isto foi pensado há 15 anos, por que a gente não usava?”. Ao destacar vantagens das novas tecnologias, revelou que este ano a universidade não teve custo de passagens áreas. “Reuniões importantes foram feitas por videoconferência, telefone e outros meios”.

    Entretanto, a maioria dos alunos e professores diz que a universidade ainda não tem condições de usar as novas tecnologias como ferramenta didática em momentos com este de isolamento social. O próprio reitor reconheceu também que não há condição de ministrar aulas virtuais para a maioria dos cursos. “A Ufal não estava preparada para uma situação dessas. A Educação a Distância (EAD) seria a solução”. Criticou os que consideram a metodologia de EAD como precarização do ensino. “As novas tecnologias vêm para nos ajudar, auxiliar. A gente sabe que não substitui tudo. É impossível ministrar aulas de anatomia, por exemplo, por videoconferência, como também não é possível aula experimental com reatores, de laboratórios de forma virtual”.

    A Ufal já teve mais de 5 mil estudantes de graduação e pós-graduação em sistema EAD, hoje tem menos de 500. Com a crise, o novo reitor quer resgatar o projeto do Conselho Nacional de Educação que prevê 20% dos currículos em módulo virtual. Mesmo assim, tem em andamento aulas eletivas e eventuais pelo modelo EAD.

    Cancelamento do período

    Existem universidades, como a de Campinas (Unicamp), que já discutem a possibilidade de cancelamento de semestre e/ou do ano letivo de 2020. Como as opiniões estão divididas nos bastidores das academias, a tendência é que cada universidade discuta a melhor solução, tomando como base a situação de contaminação de cada estado.

    No Ministério da Educação há discussão no sentido de ter um encaminhamento nacional. Com isso, deve prevalecer o direcionamento do fim do isolamento social-acadêmico de acordo com o grau de contaminação em cada região.

    Com relação às aulas presenciais da Ufal, o reitor prefere não arriscar a futurologia. Descartou, porém, qualquer possibilidade de voltar as atividades de salas de aula até o final de maio. “Estamos diante de uma situação complexa. Não há como propor o trabalho virtual porque a Ufal tem professores que não estão preparados. Neste momento tem mil professores e técnicos fazendo treinamento para EAD. Isso é menos de um terço dos nossos professores que decidiu pela capacitação”.

    Ainda há outro problema: grande parte dos 26 mil estudantes vive situação de vulnerabilidade social, não tem computador, não tem acesso à internet, não tem dinheiro para comprar computador, pagar conta do serviço de banda larga. Há casos também em que o estudante tem dinheiro, mas a internet não chega à sua comunidade. Quase a metade dos estudantes novos, segundo o reitor, entrou na universidade pelo sistema de cotas.

    “Quando falo de estudante em vulnerabilidade social, falo de pessoas que precisam do restaurante universitário para ter condições de estudar. Temos estudantes na residência universitária que não têm para onde ir, não têm casa”.

    Antes de implantar o ensino a distância, o reitor se comprometeu a avaliar a realidade social dos estudantes e em seguida tentará com o MEC uma bolsa de acesso digital para facilitar a vida dos que não têm condições de adquirir um computador. O projeto já foi apresentado ao Ministério da Educação.

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