Estados temem epidemias de dengue e outras doenças junto com coronavírus

  Quinta, 09 de abril de 2020
  Folha de São Paulo    |      
Estados temem epidemias de dengue e outras doenças junto com coronavírus

    Enquanto o Brasil envida esforços para se prevenir de uma possível epidemia do coronavírus, o País vive um estado de alerta pelo surto de uma doença tropical velha conhecida: a dengue. Dados do mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde mostram que o número de casos prováveis da doença, aqueles que são notificados pelos estados, cresceu 19% nas cinco primeiras semanas de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019. Entre 29 de dezembro e 01 de fevereiro foram notificados 94.149 casos prováveis, enquanto no mesmo período do ano passado foram contabilizados 79.131. Em 2019 foram registrados cerca de 2.242 milhões de casos da doença. Acre, Mato Grosso do Sul e Paraná são os estados com situação mais preocupante até o momento. O avanço de casos é comum no início do ano por conta das chuvas, que aumentaram nas últimas semanas. A diferença deste momento é que vivemos um novo surto da doença, algo que historicamente acontece entre dois e três anos por conta da recirculação de novos tipos de vírus.

    Enquanto pessoas dirigem o próprio carro, sozinhas, com máscara, vidros fechados, ar condicionado ligado, se protegendo de si mesmas, o cruel Aedes aegypti continua voando livre, leve e solto espalhando a doença. E os casos devem continuar a crescer, já que o pico da epidemia acontece entre os meses de março e maio. Só neste início de 2020 ao menos 14 pessoas morreram. O Brasil, atualmente, tem em média 44 casos de dengue para cada 100 mil habitantes, um aumento de 70% em relação ao ano passado. O que preocupa as autoridades de saúde é a existência de um novo subtipo do vírus – tipo 2, que ocasiona a dengue hemorrágica, que é letal. O Brasil ocupa o primeiro lugar em casos de dengue nas Américas. Quando a pauta é saúde ambiental, o Brasil parece trilhar uma linha tênue e perigosa, nos quesitos precaução, prevenção e efetividade.

    Na opinião do professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o virologista Gúbio Soares, um pânico exagerado e desnecessário foi criado em cima do coronavírus. A principal preocupação do pesquisador, agora, é de que a atenção para o coronavírus cause um surto de dengue. “Um grande erro está sendo cometido. Estamos em pleno crescimento do surto de dengue em Salvador. Chikungunya está crescendo na Bahia e Zika também, temos inclusive um surto em Periperi, situado no Subúrbio Ferroviário de Salvador, de uma doença misteriosa. A campanha de dengue está esquecida, em pleno verão. E não vemos uma campanha efetiva. Isso é um perigo, pois poderemos ter muitas mortes no Brasil”, alerta. Ainda segundo ele, o combate ao coronavírus, junto com a dengue, exigirá muito do Sistema Único de Saúde (SUS). “Vai ter um custo alto no controle e na prevenção e para isso o governo deverá investir mais recursos para controle e prevenção destas enfermidades”, enfatiza.

    O professor de infectologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Dr. Unaí Tupinambás alerta para o risco real de ocorrer as duas epidemias no Brasil ao lembrar que a entrada do outono reduz os casos de arboviroses e aumenta o risco de doenças respiratórias. Segundo ele, caso tenhamos epidemia do coronavirus o seu controle passará obrigatoriamente pela Atenção Básica, uma vez que mais de 80% dos casos são brandos. Os profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF) do Ministério da Saúde serão os primeiros a ‘entrar em campo e os últimos a sair’. “Neste momento de desmonte destas equipes, bem como com redução do financiamento na Saúde – para se ter uma ideia a Saúde deixou de receber R$ 9 bilhões de reais em 2019 – o combate ao coronavírus, junto com a dengue, demandará um SUS forte. O enfrentamento passa obrigatoriamente por ele, mesmo ameaçado pela redução de investimentos e do programa de saúde da família. Essas questões todas se somam à Emenda Constitucional 95, que estabeleceu o teto de gastos públicos”, ressalta. De acordo com o professor, para o enfrentamento deste vírus emergente teremos que repensar no financiamento do SUS, caso contrário nosso enfrentamento corre o risco de ser muito aquém do necessário para a contenção e o cuidado das pessoas acometidas.

    Riscos de epidemia cruzada à saúde pública

    Doutor em Estatística e Pesquisador do Programa de Computação Científica (PROCC) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, Leonardo Bastos explica que a epidemia cruzada seria um grande problema para o serviço de saúde, principalmente com um aumento de casos graves das duas enfermidades. “Em termos de comparação podemos observar o registro das internações por Influenza e dengue do SIH/SUS no gráfico abaixo onde notamos que o volume de casos de Influenza é menor que o de dengue, e no nível nacional não chegamos a ter um cenário de epidemia cruzada. Somente em 2009, com a chegada do H1N, tivemos um grande número de casos de Influenza, possivelmente relacionados com a chegada do H1N1, mas a epidemia não coincidiu com a epidemia de dengue daquele período”, pondera.

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