Curativo feito com impressão 3D usa células-tronco contra feridas crônicas

  Quinta, 16 de janeiro de 2020
  G1    |      
Curativo feito com impressão 3D usa células-tronco contra feridas crônicas

    Uma tecnologia desenvolvida por uma startup de Ribeirão Preto (SP) em parceria com unidades de referência na saúde como o Hemocentro, na USP, tem o potencial de combater queimaduras graves e feridas crônicas em pacientes com doenças como diabetes, por meio de um biocurativo produzido com impressora 3D a partir de células-tronco.

    "A gente quer tratar aqueles que já usaram todos os medicamentos disponíveis e mesmo assim a ferida não fecha. No Brasil há 5 milhões de pacientes assim. É muita gente que trata e, com tudo que tem disponível no mercado, a ferida continua sem cicatrizar", explica a bióloga Carolina Caliari, fundadora da In Situ Terapia Celular e ex-aluna do médico Júlio César Voltarelli [1948 - 2012], um dos pioneiros em pesquisa com células-tronco no país.

    Fruto de 14 anos de pesquisas, validação e estudos de viabilidade comercial, a solução ainda depende de testes clínicos e registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e pode chegar aos primeiros pacientes por meio de parcerias com hospitais particulares a partir dos próximos dois anos, estima a cientista e CEO da empresa.

    Segundo ela, o objetivo é que, em um futuro breve, o biocurativo beneficie pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

    "É o nosso grande objetivo que todas as pessoas do Brasil tenham acesso ao biocurativo. Nesse primeiro momento provavelmente a gente vai trabalhar em hospitais particulares, mas a ideia é comprovar que o SUS pode economizar utilizando o biocurativo", diz.

    Pesquisa com células-tronco

    Carolina se aprofundou por dez anos no tema, período em que fez mestrado e doutorado em imunologia na USP de Ribeirão Preto sob orientação de Voltarelli. Ao encerrar o ciclo acadêmico, sentiu a necessidade de colocar em prática o conhecimento das pesquisas.

    Em 2016, ela fundou uma startup e conseguiu investimentos públicos e privados para levar sua ideia adiante.

    "Foi uma ideia que demorou dez anos para sair de dentro da universidade. Outro ponto é que a startup é uma forma que a gente tem de tentar fazer com que esse produto chegue ao mercado. Se você desenvolve um produto como esse na universidade, você publica artigo, porque isso é importante, melhora os indicadores da universidade, mas fazer com que ele chegue a quem precisa já é outra etapa que a universidade não faz. Através da startup a gente consegue encurtar um pouco esse caminho", diz.

    Hemocentro no campus da USP em Ribeirão Preto — Foto: Reprodução/EPTV

    Biocurativos

    Diferente de soluções já existentes no mercado, com células do próprio paciente, os biocurativos desenvolvidos por Carolina e mais cinco pesquisadores no interior de São Paulo são à base de células-tronco extraídas de cordões umbilicais de diferentes recém-nascidos, material armazenado para fins de pesquisa pelo Hemocentro e fornecido para a startup instalada no Supera Parque, principal polo de inovação de Ribeirão Preto.

    "O Hemocentro tem todo um critério para armazenar essas células, tanto para obter quanto para armazenar, porque, como é um produto biológico, a gente tem que fazer vários testes para mostrar que não tem risco de contaminação da pessoa que vai receber, assim como o sangue. O mesmo critério que o Hemocentro tem com o sangue ele tem para essas células do cordão umbilical", afirma.

    Mantidas vivas sob baixas temperaturas, na técnica conhecida como criopreservação, as células são descongeladas e cultivadas em laboratório, antes de serem misturadas com um gel desenvolvido pela empresa e transformadas em uma biotinta.

    Pesquisadora em laboratório de startup de Ribeirão Preto que desenvolveu biocurativo com células-tronco — Foto: Leonardo Vilela/EPTV

    Com os cartuchos abastecidos, uma impressora 3D produz os biocurativos. O processo de impressão é concluído em questão de minutos e não acaba com o efeito terapêutico das células, segundo Carolina.

    "O formato do curativo é bem simples, porque a ideia é fazer com que ele fique aderido à pele, mas teoricamente a gente poderia imprimir em outro formato", acrescenta.

    De acordo com ela, os testes em laboratório com animais já demonstraram a eficácia do produto, que em contato com o corpo estimula a regeneração das células da pele e ajuda na cicatrização.

    "No caso da pele a gente imaginaria que ela [célula-tronco] vai virar uma célula da pele e regenerar a pele. A gente não acredita muito nisso. A gente acredita que a célula vai liberar fatores importantes para o crescimento das células da pele. Ela melhora o ambiente da ferida e faz com que as células da própria pele se proliferem", explica.

    Impressora 3D produz biocurativos com células-tronco em startup de Ribeirão Preto (SP) — Foto: Leonardo Vilela/EPTV

    O material é aplicado uma única vez, sem necessidade de reposição como em outros métodos, segundo Carolina.

    "O processo de obtenção da célula já é caro e depois o paciente tem que ficar trocando porque é rejeitada [pelo organismo]. No nosso caso não. É única aplicação, porque essa célula do cordão umbilical não é rejeitada, ela pode ser usada de uma pessoa em outra", diz.

    Além de melhorar a qualidade de vida dos pacientes, o curativo pode evitar infecções, amputações e reduzir custos hospitalares com internações e outros procedimentos, segundo a CEO da empresa. Enquanto o produto não chega ao mercado, os pesquisadores buscam soluções que permitam um transporte mais seguro dos curativos sem prejuízo às células-tronco.

    "Qual vai ser nosso grande desafio: fazer com que o curativo que a gente produz consiga chegar a lugares distantes, uma vez que são células vivas. Tem todas essas questões de logística, tudo vai ser definido conforme a gente vai evoluindo na pesquisa."

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