Em São Paulo, mais de 27 mil professores foram afastados das salas de aula entre janeiro e setembro deste ano por problemas de saúde. O Profissão Repórter foi atrás de histórias de como os profissionais da educação estão enfrentando dificuldades dentro e fora da escola.
A repórter Sara Pavani foi até o Departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo. Sem autorização para entrar no local, ela ficou a espera de uma oportunidade para conversar com professores que foram até lá para passar por uma perícia e conseguir licença da profissão.Em conversa com professores que deixavam o prédio, as maiores queixas foram em relação ao estresse e ansiedade. As professoras falam sobre a forte pressão de lecionar no ensino público
"Eu chegava para dar aula e não conseguia. Ficava tremendo. Até que cheguei em um ponto em que me aprontei para ir à escola e não consegui tirar o carro da garagem", conta a professora Cássia Eliandra da Cruz.
Já Regiane Alves conta que passou a tomar medicamentos pelo excesso de trabalho. "Eu tomo medicamentos que são passados pela minha psiquiatra. Eu tomo já faz muitos anos. E eu trabalho em muitas escolas para poder ganhar um salário para ajudar minha família. Acho que é excesso de trabalho como em muitos casos."
A professora Tânia Maria Fernandes reclama do antedimento do Departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo. Ela diz que os profissionais da saúde não fazem uma avaliação completa e muitas vezes recusam a solicitação de licença médica.
"A minha médica sabe da minha situação. O médico do DPME não sabe. O médico está sentado na cadeira, ele olha para sua cara e diz para você 'tá, pode ir embora'. E depois quando procura o Diário Oficial lá diz que está negado."
Sem conseguir a licença médica, os professores têm as faltas descontadas do salário.
Com relação às licenças negadas, o Departamento de Perícias Médicas do Estado, diz que em respeito ao sigilo médico dos prontuários não comenta sobre os casos de seus pacientes. A nota afirma que as avaliações são estritamente técnicas, com base em princípios médicos e padrões internacionais.
Há seis anos, Marcela Carvalho é professora de história, geografia, filosofia e sociologia em cinco escolas públicas estaduais. No total, ela possui 19 turmas nas escolas, com 555 alunos e precisa corrigir 1.500 provas e trabalhos por bimestre.
Além de dar aulas, Marcela também tem outro trabalho para complementar a renda mensal. Ela faz entregas de comidas aos finais de semana em uma motocicleta que comprou usada. Com o 'bico' como entregadora, ela consegue ganhar em média R$ 60 por dia.