Mudanças climáticas podem afetar produção de alimentos nos próximos anos

O clima tornou-se um fator mais caro à escassês que a explosão demográfica.

As mudanças climáticas têm alterado significativamente a produção de alimentos em todo o mundo. Longos períodos de estiagem ou de chuva, aumento e diminuição bruscas de temperaturas tem prejudicado a agricultura e pecuária e provocado grandes prejuízos aos produtores, às industrias de alimentos e à toda população que sofre com a falta e os preços elevados dos produtos afetados pelo clima.

Cientistas e especialistas que estudam os impactos do clima na agropecuária, afirmam que para alimentar uma população global estimada em 9 bilhões de habitantes em 2050, nos próximos 35 anos a produção de alimentos terá que ser dobrada.

Segundo Jerry Hatfield, diretor do Laboratório Nacional para a Agricultura e o Meio Ambiente: “Se avaliarmos a produção de 2000 a 2050, basicamente teríamos que produzir a mesma quantidade de alimentos que produzimos nos últimos 500 anos”.

Considerando que as alterações climáticas afetam diretamente a quantidade e qualidade da água própria para consumo e do solo, que também sofrem com a degradação humana, as previsões são preocupantes e alarmantes em algumas partes do mundo. Não existe políticas nem ações efetivas por parte de muitos governos mundiais no sentido de informar e preparar a população para uma previsível escassez de alimentos sem precedentes.

“Se tivéssemos mil anos mais para resolvê-lo, estaria muito tranquilo, mas podemos ter 10 ou 20 anos”, advertiu Paul Ehrlich, presidente do Centro para a Conservação Biológica, da Universidade de Stanford.

No mundo todo sao mais de 750 produtos alimentícios, de 48 países que estão ameaçados de sumir. ONG internacional Slow Food  desde 1996 realiza levantamento sobre os alimentos com maiores riscos. Para o Slow Food as principais razões que levam um alimento à zona de risco são: perda da tradição no modo de preparo; produção complexa; coleta não sustentável; localização do produto em área devastada; e desinteresse mercadológico, que faz com que produtores desistam de cultivar determinadas espécies.

Para suprir a demanda de alimentos, cientistas da área não descartam o aumento do uso de sementes geneticamente modificadas para adaptarem-se às alterações do clima a fim de garantir a produção de alimentos em todo o mundo. O uso desse tipo de sementes tem causado muitas discussões entre naturalistas, ambientalistas e cientistas devido não se saber ao certo como o consumo contínuo de alimentos alterados geneticamente pode causar no ser humano a longo prazo.

Além das questões climáticas outros fatores estão provocando a extinção de alimentos no mundo: caça e pesca predatórias, corte de árvores e retirada de frutos ilegalmente, plantio em área imprópria, uso excessivo de agrotóxicos, diminuição do número de abelhas que são os principais polinizadores naturais, poluição do ar, rios, mares e oceanos, desmatamentos, etc.

O Brasil não está livre do risco de alimentos em extinção. Existe uma lista com os alimentos (vegetais e animais)nessa situação: arroz Nativo do Pantanal, arroz Vermelho, Babaçu, Berbigão, Bergamota, Montenegrina, Bijajica, Bocaiúva, Butiá, Cagaita, Cambuci, Castanha de Baru, Farinha de Batata Doce, Krahô, Feijão Canapu, Guaraná Nativo, Sateré-Mawé, Jaracatiá, Jatobá, Licuri, Mangaba, Maracujá da Caatinga, Marmelada de Santa Luzia, Néctar de Abelhas Nativas, Ostra de Cananéia, Palmito Juçara, Pequi, Pinhão, Piracuí, Pirarucu, Umbu.

Embora para muitos sejam desconhecidos, esses alimentos fazem parte da culinária nativa e fonte de subsistência para muitos brasileiros espalhados nas cinco regiões.Guaraná já sofre efeitos de manejo não sustentável e ações climáticas.

A cadeia alimentar mundial está comprometida e tem sofrido com as desastrosas ações humanas assim como pelas mudanças no clima. Quando uma espécie vegetal ou animal diminui ou é extinta em determinada região do planeta, toda a cadeia é atingida. O que acontece em qualquer parte do mundo, afeta todo o mundo. Os efeitos da falta de água e de alimentos são imprevisíveis. Podem provocar conflitos armados, doenças, guerras e muitas mortes em toda as regiões do planeta.