Pais comemoram cirurgia em feto com malformação ainda na barriga da mãe: 'Vai nascer muito abençoada'.

  Quarta, 19 de junho de 2019
  G1    |      
Pais comemoram cirurgia em feto com malformação ainda na barriga da mãe: "Vai nascer muito abençoada".

    Procedimento inédito foi feito no Hospital da Criança e Maternidade (HCM) de Rio Preto com especialistas do estado de São Paulo e da Argentina. Mãe deve receber alta nos próximos dias.

    Os pais do bebê que foi operado ainda na barriga da mãe para corrigir uma malformação congênita no intestino, em São José do Rio Preto (SP), comemoraram o sucesso da cirurgia e a possibilidade de agora poderem segurar a filha Maya no colo e levá-la para casa logo após o parto, já que não precisará ser operada depois do nascimento.

    “Eu acho que a Maya já nasce muito abençoada por ter passado por uma cirurgia feita por profissionais totalmente qualificados. Mas ela é ainda mais abençoada por conseguir ajudar outras mães que agora podem optar pela cirurgia dentro do útero e conseguir segurar o filho da forma mais rápida”, afirma o pai da menina, Victor Guimarães, de 28 anos.

    O procedimento foi feito no Hospital da Criança e Maternidade (HCM) nesta segunda-feira (17). De acordo com a unidade, participaram da cirurgia médicos do Hospital da Criança e Maternidade de Rio Preto, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, da Universidade de Taubaté e do Hospital de Baia Blanca, da Argentina.

    O bebê operado está com 33 semanas de gestação e possuía gastrosquise, que é uma abertura nos músculos e na pele da parede abdominal que permite que o intestino fique para fora do abdômen.

    De acordo com a médica especializada em medicina fetal, Denise Araújo Lapa o procedimento de fetoscopia para corrigir uma gastrosquise é o primeiro a ser feito em todo o mundo.

    “Já existia algumas iniciativas teóricas da resolução, mas, aqui no Brasil, a gente também avançou na cirurgia da mielomeningocele, o que nos permitiu dar mais um passo com muita confiança e tranquilidade porque já conhecemos os riscos maternos”, afirma a médica.

    Diagnóstico

    Ao G1, a mãe Naiara Paula Galieta, de 26 anos, contou que descobriu a gravidez da primeira filha em novembro do ano passado. O diagnóstico foi feito através do primeiro ultrassom morfológico- exame que permite visualizar o bebê dentro do útero, facilitando a identificação de algumas doenças como malformações congênitas.

    “Nós ficamos bem ‘baqueados’ quando descobrimos que ela possuía a malformação. Foi uma sensação de tristeza porque não esperávamos. Para falar a verdade, quando o médico me contou, eu não sabia o que era, só sabia que não era uma notícia boa”, afirma.

    Depois do diagnóstico, Naiara e Victor procuraram especialistas na doença e entraram em contato com o médico Gregório Lorenzo Acácio, de Taubaté (SP).

    “Somos de São José dos Campos (SP), mas viajamos até o município. Quando chegamos a cidade, fizemos mais um exame morfológico. O médico conseguiu explicar detalhadamente o que era e indicou para virmos até o hospital de São José do Rio Preto”, explica a vendedora.

    Victor Guimarães afirmou ao G1 que o casal foi até Rio Preto para o bebê ser submetido a uma cirurgia realizada após o nascimento em que não é necessário cortar o cordão umbilical. O procedimento, que reduz também o estresse pós-cirúrgico, já tinha sido feito em 2014.

    “Conforme fomos recebendo acompanhamento, nas últimas duas visitas, os médicos falaram da possibilidade de fazer uma cirurgia que ninguém tinha feito, que estava em estudo”, explica.

    Após serem orientados pelos profissionais e ficarem sabendo dos riscos e benefícios, o casal optou por fazer a cirurgia.

    “Ia ser muito difícil não poder pegá-la no braço depois que ela nascesse. Portanto, a opção foi viável desde o início. Os médicos nos deixaram muito confiantes, muito confortáveis porque foram passando todo o passo a passo. Tudo isso fez com que nós tomássemos essa decisão”, diz.

    Procedimento

    De acordo com o HCM, os especialistas precisaram de 1h40 para realizar o procedimento, que é minimamente invasivo. Durante a cirurgia, quatro pequenas incisões foram feitas na barriga da mãe, por onde introduziram os instrumentos que permitem ver o interior do útero e corrigir a malformação.

    Segundo o médico cirurgião Tadeu Russo Gonçalves, os benefícios ao realizar o procedimento são imensuráveis porque uma das grandes vantagens é o fato de o bebê nascer sadio, o que permite mamar imediatamente no seio da mãe e ter alta hospitalar em dois ou três dias sem correr riscos de pegar uma infecção.

    Já o bebê que se submete a uma cirurgia de correção da gastrosquise após o nascimento tem as alças intestinais inflamadas, o que o impede de mamar. Consequentemente, ele precisa permanecer, em média, 30 dias internado, recebendo nutrição parenteral.

    “Para as mães que recebem alta, mas precisam voltar para o hospital para acompanhar o recém-nascido, é uma batalha gigante contra a infecção, dor, pós-operatório. Esse novo procedimento evita isso. Então, conseguimos fazer com que essa mãe consiga estar com a filha em casa em dois ou três dias”, afirma.

    Alta hospitalar

    Naiara Paula Galieta foi para o quarto do Hospital da Criança e Maternidade logo após a cirurgia ser realizada. Ela permanecerá internada pelos próximos dias até receber alta hospitalar.

    “Foi incrível. Acordei e me falaram que a cirurgia tinha sido um sucesso. Eu estava muito tranquila para fazê-la. Eu estou bem fisicamente. É bem cansativo. O final da gestação é um pouco complicado. A Maya vai fazer 34 semanas amanhã e deve nascer com 38 ”, diz.

    Depois de receber alta hospitalar, o casal vai retornar para São José dos Campos, onde o parto será feito. A lembrança de poder fazer parte da história da medicina ficará para sempre na memória de Victor.

    “É uma nova técnica que eles estão fazendo. Ela surpreendeu mesmo um médico que já executava o outro procedimento que considerávamos ótimo e tínhamos ficado muito contentes. Podemos falar com muito orgulho que o Brasil foi o pioneiro”, afirma.

     
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