Um dos maiores desafios da saúde pública no Brasil, que depende muito de saneamento básico e de educação, tem deixado a comunidade médica em alerta.
O mosquito transmissor da dengue, da chikungunya e da zika ainda encontra formas de se multiplicar, no nosso país. E, com isso, continua a provocar uma das consequências mais tristes dessa infestação.
No início de 2018, a dona de casa Ana Luíza achou que estava na hora de engravidar. Ela não imaginava que o vírus da zika ainda era uma ameaça para as grávidas. Benício nasceu, seis meses atrás.
“Pensei que não estava nascendo caso de bebê com microcefalia, mas aí a gente descobriu no ultrassom que ele estava com microcefalia porque a cabecinha estava”, contou.
Identificar as grávidas que apresentam os sintomas da zika é uma prioridade nos postos de saúde do Recife.
Os casos suspeitos são checados por exames de laboratório e as gestantes passam a receber atenção redobrada.
“É dado também a ela o acompanhamento psicológico, que é importante tanto para a gestante quanto para a família”, explicou Ana Sofia Costa, diretora executiva de atenção à saúde básica do Recife.
Até o início de maio, o Ministério da Saúde registrou 215 casos prováveis de mulheres que tiveram zika na gestação. O número preocupa, já que, em 2018, 124 bebês nasceram com a síndrome congênita do vírus na zika em todo o país.
Se novos casos de microcefalia continuam surgindo, é porque o vírus da zika está circulando, alertam os especialistas. A proporção é bem menor do que antes, mas as consequências para cada bebê de uma mãe que foi infectada na gravidez são para a vida toda. Enquanto o Aedes Aegypti não estiver sob controle, existe risco.
“Você tem a circulação do vírus, em pequena proporção, mas são capazes de levar à doença. E isso realmente é uma preocupação. Não só nesse período, mas uma preocupação nos próximos anos que outros surtos de zika venham a acontecer”, afirmou Carlos Brito, médico e pesquisador da Fiocruz.
“Existem pessoas que nunca tiveram zika e podem engravidar e ter zika neste período. É importante saber que não deixou de existir”, explicou a médica neuropediatra Vanessa Van Der Linden.
Com o monitoramento, a dona de casa Miscilene Correia soube, na gravidez, que a filha nasceria com microcefalia. A Bárbara tem oito meses.