O físico e astrônomo brasileiro Marcelo Gleiser recebeu, na quarta-feira (29) à noite, em Nova York, o prêmio Templeton, que já foi concedido a personalidades como Dalai Lama e Madre Teresa de Calcutá.
Dependendo das suas crenças, a história do universo e da vida pode ter versões diferentes. A maior parte dos cientistas explica a criação com fenômenos puramente físicos e químicos. E Deus não entra nessa história. Já para alguns religiosos, a Terra foi criada em seis dias. E a ciência não entra nessa história.
Mas Marcelo Gleiser é um cientista, um físico e astrônomo, um estudioso das origens do céu e da terra, e defende que ciência e Deus não precisam estar assim, tão definitivamente separados.
“Eu tenho a humildade de aceitar o fato de que a gente não sabe tudo. Então, eu mantenho a mente aberta para surpresas e, obviamente, depende do que você chama de Deus, porque tem gente que acha que Deus é a natureza, então, se Deus é a natureza, eu sou uma pessoa religiosa”, avaliou.
Gleiser é um dos mais importantes pesquisadores brasileiros, com publicações reconhecidas em todo o mundo. Mas foi justamente essa visão mais acolhedora dos mistérios do universo que fez o cientista ganhar o prêmio de espiritualidade.
O prêmio Templeton foi criado em 1972 pelo bilionário americano John Templeton, e é conhecido como o Nobel da espiritualidade.
Há 21 anos, o carioca Marcelo Gleiser é professor de física e astronomia no Dartmouth College, nos Estados Unidos. E também é um grande divulgador de uma ciência acessível. Tem 14 livros publicados, escreveu colunas para jornais, rádios, sites. E no Fantástico explicou a criação do universo e do que o mundo é feito nas séries "Poeira das Estrelas" e "Mundos Invisíveis".
Na cerimônia em que recebeu o prêmio, Gleiser disse, em inglês, que às vezes não podemos explicar as coisas, apenas sentir; que precisamos estar abertos para aprender com quem pensa diferente de nós; e que temos que nos unir para deixarmos um mundo melhor para as futuras gerações.