Fãs, parentes e amigos se despedem da cantora e compositora Beth Carvalho

Ninguém combinou. E assim, espontaneamente, saiu tudo do jeito que ela queria. “Se ela pudesse escolher esse momento seria assim, ela linda, como ela está ali, ao som de samba, com as pessoas que ela ama”, conta Lu Carvalho, sobrinha.

Os afilhados vieram dar o último beijo na madrinha. Diogo Nogueira se emocionou e cantou. E mesmo para os gênios do samba, as palavras que vêm facilmente com a música faltaram na hora de dizer adeus. “É muita lembrança do que já aconteceu. É difícil. Não sei o que falar”, diz Zeca Pagodinho.

É claro que o choro às vezes brota. Mas essa é uma despedida em que as lágrimas ficam em segundo plano, porque o samba e Beth Carvalho nunca vão se separar. Ninguém está cantando para ela. Todos estão cantando com ela.

Muitas turmas diferentes. Os amigos do Botafogo, do Cacique de Ramos. E todos abriram espaço quando a velha guarda de verde e rosa se aproximou.

“Eu acho que um país, não precisa ser o Brasil não, mas um país que perde a voz, o discurso, a postura, a cidadã, Beth Carvalho, é um país que perde muito”, destaca Leandro Vieira, carnavalesco da Mangueira.

O grupo mais numeroso misturava cores e estilos. Os fãs que vieram de toda parte e se juntaram ali.

“O que ela merece aqui neste pseudo funeral, chama gurufim. Gurufim é o funeral do morro. Funeral dos pobres.”, conta Vânia Carvalho, irmã de Beth Carvalho.

Em velório de sambista, o silêncio não está entre os convidados. O corpo deixou a sede do Botafogo ao toque do surdo um da Mangueira. O cortejo em carro de bombeiros passou em frente ao sambódromo. A cerimônia de cremação foi reservada a parentes e amigos.