O presidente Jair Bolsonaro demitiu nesta segunda-feira (8) o ministro da educação, Ricardo Vélez Rodriguez, depois de quase três meses de declarações polêmicas e muitos problemas na pasta.
A troca foi de uma tacada só. O presidente exonerou Ricardo Vélez e nomeou Abraham Weintraub no cargo de ministro da Educação. Os decretos saíram em edição extra do Diário Oficial, no início da tarde desta segunda-feira (8).
Pouco antes, às 10h, Vélez havia estado no Planalto com Jair Bolsonaro. Aí ouviu que estava demitido.
Em pouco mais de três meses, foram 15 demissões no Ministério e muita polêmica, incluindo o próprio titular da pasta. Em janeiro, Vélez disse que as instituições de ensino superior deveriam se dedicar exclusivamente a uma “elite intelectual”. Em fevereiro, declarou que “o brasileiro viajando é um canibal, rouba coisas dos hotéis”. Teve que pedir desculpas pela declaração.
Depois, veio a carta para as escolas públicas, pedindo que mandassem vídeos das crianças cantando o Hino Nacional. Foi obrigado a recuar e reconheceu “o equívoco”. A polêmica mais recente foi quando Vélez anunciou que pretendia fazer uma revisão nos livros didáticos, no capítulo que conta a história do golpe de 1964.
Quanto mais polêmicas, mais o governo ia sendo criticado. Na sexta (5), o presidente Bolsonaro indicou que o ministro estava de saída. Mas esperou todo o fim de semana para bater o martelo.
Nesta segunda-feira (8), perguntado por que Bolsonaro esperou tanto para demitir Ricardo Vélez, o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, respondeu.
“O nosso presidente avalia as ações, faz os seus estudos e no momento adequado toma as decisões. Então, ele achou que o adequado seria este momento. A temporalidade é uma questão de avaliação do nosso presidente. Ele entendeu que nós poderíamos melhorar a gestão do Ministério da Educação, que é tão importante para a concepção dos objetivos do governo”, disse.
O novo ministro da Educação já estava no governo. Foi um dos primeiros da equipe de transição, entre os responsáveis pela questão da Previdência. Até esta segunda (8), era o secretário-executivo da Casa Civil, uma espécie de vice do ministro Onyx Lorenzoni.
Abraham Weintraub é economista e atuou no mercado financeiro. É mestre em administração na área de finanças e professor da Universidade Federal de São Paulo. Crítico a ideologias de esquerda, Weintraub disse, em um evento em dezembro de 2018, que as organizações financeiras, jornais e grandes empresas do Brasil são comandados por comunistas.
Essa foi a segunda baixa na equipe original do governo Bolsonaro.
Primeiro foi Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência e, agora, Ricardo Vélez, da Educação. Weintraub, que passou esta segunda-feira (8) recolhido, assume o cargo na terça (9) e já participa de uma reunião ministerial no Planalto.