O ex-presidente Michel Temer se tornou réu pela primeira vez na Lava Jato de São Paulo. Ele é acusado de usar dinheiro de propina para financiar reforma na casa da filha, Maristela Temer.
O ex-presidente Michel Temer, a filha Maristela, o amigo João Batista Lima Filho, coronel Lima, e a mulher de Lima, Maria Rita Fratesi foram denunciados na última terça-feira (2) por lavagem de dinheiro.
Os procuradores da Lava Jato em São Paulo afirmam que Temer usou dinheiro de propina e de desvios nas obras da usina nuclear de Angra 3 para financiar a reforma da casa da filha. Segundo os investigadores, a obra custou R$ 1,6 milhão.
Na decisão, o juiz Diego Paes Moreira, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, disse que “os fatos narrados configuram, em tese, infração penal”. Por isso, aceitou a denúncia contra os quatro acusados.
O processo é um desdobramento do inquérito dos portos, que investigou se o então presidente Michel Temer favoreceu empresas do setor portuário com a edição de um decreto.
Na denúncia, a Lava Jato também usou informações de outras duas investigações: a do quadrilhão do MDB e a da Eletronuclear.
É a quarta vez em uma semana que o ex-presidente Michel Temer vira réu em ações judiciais. Além do processo, aberto nesta quinta-feira (4) em São Paulo, o ex-presidente também responde a duas ações penais no Rio de Janeiro e uma em Brasília. E ainda é alvo de outros sete inquéritos.
A defesa do ex-presidente Temer afirmou que Maristela Temer prestou esclarecimentos quando o inquérito estava no STF; que o Ministério Público em São Paulo não investigou as explicações; que a acusação de lavagem de dinheiro é infame, e não possui base em provas idôneas. E que a obra não recebeu dinheiro de corrupção, porque, segundo a defesa, Michel Temer não recebeu esse tipo de dinheiro.
A defesa de Maristela Temer declarou que aguarda o acesso aos autos e à citação; que a origem do dinheiro é lícita; que a cliente a cliente jamais participou de lavagem de dinheiro e que isso será demonstrado no processo.
A defesa do coronel Lima e da mulher dele, Maria Rita Fratesi, disse que a denúncia foi precipitada, e os procedimentos vindos da Procuradoria-Geral da República não têm provas e que seria preciso continuar as investigações.