As empresas de cartão de crédito lançaram uma nova modalidade de crediário, um tipo de carnê, mas sem boleto.
Nas ruas de comércio em São Paulo um aviso é cada vez mais comum: ‘aceitamos cartões’. A ambulante Joelma Barreto Moura vende artesanato no débito e também no crédito.
“Se não fosse o cartão, a gente não ia vender tão bem como está vendendo hoje”, disse.
“Eu uso sempre, tipo em loja de roupa, mercado. Eu uso cartão: débito e crédito também”, contou a garçonete Aline Silveira.
E é por isso que Antônio José de Souza Moura, vendedor ambulante, aceita negociar as sandálias no cartão.
“Às vezes passa mais cartão do que dinheiro. Facilita muito a vida de todo mundo, tanto para quem vende quanto para quem compra”.
E agora o consumidor também pode fazer crediário na maquininha do cartão de crédito. Vai funcionar como um carnê de loja, mas sem o boleto. Nessa nova modalidade de financiamento, os bancos é que vão definir o valor dos juros e o prazo do parcelamento, que pode chegar a 36 meses. Os juros anunciados por quatro grandes bancos variam entre 0,99 a 3,99% ao mês, dependendo do perfil de risco de cada cliente.
A opção pelo crediário aparece na tela da maquininha. Aí é só colocar o valor financiado e em quantas parcelas quer pagar.
“Ele vai poder chegar num estabelecimento, saber se o produto custa quanto à vista, custa quanto a prazo, simular. E eu entendo que isso também é uma facilidade”, explicou Pedro Coutinho, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços (Abecs).
Facilidade que pode trazer também dificuldades se o consumidor não se planejar, diz o economista Andrew Storfer. Ele fez os cálculos levando em conta a média das taxas já anunciadas para essa modalidade.
Num crediário de R$ 1 mil, considerando a média de prazo e de juros cobrada no comércio, ao final de 12 meses o consumidor pagaria R$ 1.353. No crediário do cartão, como o prazo pode ser de até 36 meses, a prestação por mês cai, mas no fim o valor total pago é maior: R$ 1.528.
“Precisa tomar muito cuidado para não se entrar numa bola de neve comprando as parcelas, e chegar numa situação com crédito muito alongado. E todo valor sendo tomado, que pode representar uma situação de maior dificuldade no futuro”, afirmou Andrew Storfer, diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).