A gráfica responsável por imprimir as provas do Enem desde 2009 decretou falência. O Inep declarou que vai manter o cronograma das provas.
Os funcionários da gráfica protestaram e fecharam por uma hora e meia uma das pistas da Rodovia Anhanguera, em Osasco, Grande São Paulo, em frente a uma das sedes da empresa.
Na carta a funcionários, clientes e fornecedores, a gráfica RR Donnelley alegou que pediu falência por causa das “atuais condições de mercado, difíceis, especialmente no Brasil, onde houve uma grande redução de volume nos pedidos”.
A RR Donnelley é uma multinacional e há dez anos é a responsável pela diagramação e impressão das provas do Enem. Em 2009, ela foi contratada em caráter de urgência após o roubo de provas na antiga gráfica contratada pelo governo federal. No ano seguinte, a gráfica RR Donnelley venceu a licitação do Enem.
Na edição de 2010, novos problemas. O caderno amarelo do primeiro dia de provas tinha perguntas repetidas e na folha de respostas, os cabeçalhos estavam invertidos.
Nos últimos cinco anos, os valores pagos pelo governo à gráfica referentes ao Enem e outros materiais passam de meio bilhão de reais.
O Inep é o instituto responsável pelo Enem e está desde a semana passada sem presidente. Marcus Vinícius Rodrigues pediu exoneração depois que o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, anulou uma portaria assinada por ele que adiava a aplicação de uma prova nacional para alunos da alfabetização.
O responsável direto pelo Enem, Paulo César Teixeira, também deixou o cargo no dia seguinte.
O Inep informou que foi surpreendido com o pedido de falência da gráfica e que em alguns dias será anunciada a solução para impressão dos cadernos de prova.
O Inep disse que “existem alternativas seguras sendo avaliadas”, que “as etapas para a aplicação do Enem 2019 transcorrem normalmente” e que “o cronograma está mantido, com as provas marcadas para 3 e 10 de novembro”.
A projeção para o Enem de 2019 é de seis milhões de inscritos - significa 12 milhões de provas a serem impressas para os dois dias de exame. Não é um serviço simples para qualquer gráfica. A impressão dos cadernos precisa seguir regras rígidas de segurança para garantir sigilo e evitar fraudes e a empresa precisa também ter experiência em cada detalhe do processo.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), Levi Ceregato, disse que o setor tem como atender ao Enem.
“Nós temos três ou quatro empresas com a mesma condição de igualdade com a empresa que pediu autofalência. Todas elas têm a questão da segurança para não ter nenhum problema com vazamento de informações, tudo isso é muito bem fiscalizado pelo Ministério da Educação. Eles têm trabalhado assim insistentemente nisso e nós respondemos as necessidades que eles nos pedem”.