Depois de um ano fraco – o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,1% em 2018, a mesma expansão do ano anterior – os primeiros indicadores de 2019 já mostram que a economia brasileira segue com um ritmo ainda lento neste primeiro trimestre. Na leitura de bancos e consultorias, um desempenho mais robusto do PIB deste ano está condicionado ao andamento do ajuste fiscal, e só deve ocorrer a partir do segundo semestre.
A fraqueza atual da economia fica evidente pelos indicadores antecedentes já disponíveis da indústria e do comércio – aqueles que são utilizados para medir a 'temperatura' da atividade. Por ora, esses números mostram apenas uma recuperação das perdas observadas no fim do ano passado ou um crescimento modesto; o que, na avaliação dos analistas, não indica uma atividade econômica em forte aceleração.
O que revelam alguns indicadores antecedentes dessazonalizados, ou seja, sem os efeitos típicos de cada mês:
"Alguns indicadores estão apenas recompondo parte da perda de dezembro", afirma a economista e sócia da Tendências Consultoria Integrada, Alessandra Ribeiro. "Não é nada que chame muito a atenção, a economia continua andando devagar."
"Houve uma frustração da atividade econômica no fim do ano passado. A indústria de transformação, que já vinha perdendo gás, sofreu com a crise da Argentina", afirma Silvia Matos, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
A Argentina - um dos principais parceiros comerciais do Brasil - enfrenta uma severa crise econômica, o que tem prejudicado a venda de produtos manufaturados brasileiros. No ano passado, o Brasil exportou US$ 14,951 bilhões para o país vizinho, abaixo dos US$ 17,618 bilhões apurados em 2017.
A atividade econômica do primeiro trimestre também deve ser prejudicada por uma menor contribuição do agronegócio. Com um clima ruim, a safra atual deve ser menor do que a de anos anteriores. No último levantamento, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou que a safra 2018/19 de soja vai chegar a 115,34 milhões de toneladas, 3,3% inferior ao produzido no ciclo de 2017/18.
"Neste ano, dada essa redução, não vai haver o forte impulso do agronegócio no PIB do primeiro trimestre", afirma Artur Passos, economista do banco Itaú.