A fronteira da Venezuela com o Brasil segue fechada na manhã desta sexta-feira (22), após Nicolás Maduro determinar o bloqueio por tempo indeterminado. Normalmente, a passagem é fechada à noite e reabre por volta das 7h do dia seguinte (horário local, às 8h de Brasília), o que não aconteceu nesta manhã.
Venezuelanos não podem atravessar a fronteira a pé e nem de carro. No entanto, desde o início da manhã, o G1 conseguiu observar vários grupos de venezuelanos usando rotas alternativas no entorno da BR-174, bloqueada pela Venezuela.
Parte desses caminhos ficam muito perto ao posto oficial de controle dos dois países e por volta das 8h30 guardas venezuelanos intensificaram a fiscalização pelo entorno da rodovia no intuito de conter a passagem irregular de pessoas para o país.
Nas rotas clandestinas, os guardas abordam quem tenta cruzar a fronteira a pé pelo lado venezuelano e impedem a passagem pela mata, mas ainda assim há pessoas que burlam a fiscalização e conseguem atravessar os limites entre os dois países.
Do lado brasileiro, na BR-174, o trânsito é liberado, mas quem tenta entrar na Venezuela não consegue autorização de militares do país vizinho. Por volta das 8h20, um grupo de cerca de 50 pessoas e três carros tentou passar na aduana, mas foi impedido de entrar na Venezuela.
A bandeira da Venezuela, que normalmente é hasteada por volta das 6 horas, também não foi erguida por oficiais na fronteira. A barreira brasileira, no entanto, foi reaberta normalmente.
Além do bloqueio, a rodovia tem aglomeração de pessoas que tentam atravessar legalmente entre os dois países, mas encontram resistência dos militares venezuelanos que impedem o tráfego. Perto das 10h eles liberaram apenas a passagem de duas ambulâncias que rapidamente cruzaram a fronteira.
Depois que as ambulâncias passaram, venezuelanos que se acumulavam na BR-174 questionaram os guardas venezuelanos, o que causou tumulto. Em reação, os guardas fizeram um cordão humano para bloquear a rodovia - até então eles não haviam se posicionado dessa forma.
"Vim com meus amigos e não sabíamos que a fronteira seria fechada como foi hoje. Totalmente. Como nós não queríamos perder a viagem, viemos pelas trincheiras", afirmou a venezuelana Diana Astudillo, de 23 anos. Ela saiu a cidade de Maturín e viajou 48 horas até a fronteira com um grupo de sete amigos venezuelanos. Ela afirmou que pretende ir até Boa Vista, mas que deve ficar em Pacaraima até conseguir a documentação necessária para ficar no Brasil.
Na quinta-feira, grupos de venezuelanos que cruzaram a fronteira antes das 20h (horário local, 21h em Brasília) foram informados pela Guarda Venezuelana de que não poderiam retornar após o horário definido por Maduro. Na noite da quinta-feira (21), pedestres conseguiam cruzar a fronteira, mas a passagem de veículos estava proibida.