Corrupção é uma das maiores preocupações dos brasileiros

  Sexta, 05 de outubro de 2018
  Jornal Nacional    |      
Corrupção é uma das maiores preocupações dos brasileiros

    Assunto foi citado em mais de 18 mil vídeos do "Brasil que Eu Quero". JN mostra histórias de quem conseguiu transformar a indignação em algo maior para fiscalizar e cobrar.

    A corrupção é uma das maiores preocupações dos brasileiros. O assunto foi citado em mais de 18 mil vídeos do projeto “Brasil que Eu Quero”. Na reportagem desta quinta-feira (4) da série especial que o Jornal Nacional está exibindo, o Pedro Bassan mostra histórias de quem conseguiu transformar a indignação em algo maior, para fiscalizar e cobrar o que é de todos nós.

    Corrupção e correnteza, razões que nos obrigam a levantar a voz. Claudete decidiu enfrentar as duas de uma vez só.

    “Sou Claudete Oliveira de Andrade, Anta Gorda, Rio Grande do Sul. O Brasil que eu quero é que os políticos roubem menos e sobre mais dinheiro para construir uma nova ponte. Há 30 anos, essa ponte foi levada por uma enchente e até hoje continua assim. Sem acesso a Guaporé Anta Gorda quando chove”.

    Os problemas do Brasil demoram para chegar até a casa da Claudete, no alto da montanha.

    “Aqui, de noite, dormindo a gente escuta a grama crescendo”, brinca Cleber Rebelatto, marido de Claudete.

    Mas, de manhã, a família precisa da ponte.

    “Continua a mesma situação daquele dia que eu gravei o vídeo. Isso aqui é comum para nós que moramos aqui na região”, conta Claudete.

    É difícil acreditar, mas no local existe uma ponte, construída só um metro acima do nível do rio. A obra provisória vai completar 30 anos, sem que nenhum governante tenha se preocupado em construir uma nova. Sem a ponte, a viagem é quase quatro vezes maior e incalculavelmente pior.

    Claudete é costureira numa fábrica do outro lado. Ela tomou uma decisão.

    “Achar onde está indo o dinheiro que não está indo para a ponte”.

    Para saber onde o dinheiro está indo, um especialista foi chamado até a cidade.

    Sir Carvalho saiu de Curitiba, onde comanda os Vigilantes da Gestão. Ele é a única face visível de um projeto com mais de 1.500 voluntários secretos espalhados pelo país.

    “Nós temos gente infiltrada, às vezes, no próprio gabinete da autoridade que, possivelmente, vem, ou esteja cometendo um ato ilícito. Isso tem trazido uma certa sensação de ‘sorria, você está sendo filmado”.

    Claudete nem precisaria tomar chuva. O especialista ensina que ela pode fiscalizar o trabalho dos governantes sem sair de casa. Os órgãos públicos são obrigados por lei a publicar as contas na internet.

    “Acessando o Portal da Transparência, no caso das licitações, por exemplo, a gente vê o que está sendo gasto com alimento, e você, como dona de casa, como qualquer pessoa, sabe quanto custa o quilo de arroz, o quilo de farinha”, explica Sir para Claudete.

    “Tirando R$ 1 dali, R$ 0,50 daqui, vai chegar ao final e a gente vai ter uma boa quantia para poder investir nessa ponte que todo mundo necessita”.

    Claudete percebeu que não está sozinha nesse esforço, como mostram vários vídeos do “Brasil que Eu Quero”.

    A palavra corrupção se multiplicou, especialmente desde março de 2014, quando a polícia descobriu uma quadrilha de doleiros que usavam como fachada, em Brasília, um certo lava jato.

    Quatro anos e meio depois, a Lava Jato já deu origem a mais de cem processos, envolvendo políticos de oito partidos. A Justiça já recuperou quase R$ 3 bilhões para os cofres públicos ou para a Petrobras.

    Depois de tanta indignação, os brasileiros começam a perceber que é hora de dar o próximo passo.

    “Sou Altino Rodrigues Neto e falo da Ilha do Mangabal, Felixlândia, Minas Gerais, e o que eu gostaria é que os brasileiros se envolvessem mais no controle social e na política, onde juntos poderiam construir as soluções para os nossos problemas”.

    O Altino não é uma ilha. Mesmo vivendo num lugar isolado, a mensagem que ele quis passar para todos os brasileiros é de que nós devemos construir juntos o nosso futuro, controlando as nossas autoridades, nossos governantes e participando sempre.

    A ilha se formou com a represa de Três Marias, no Rio São Francisco. Os pioneiros Adriane e Altino chegaram lá há 22 anos para abrir uma pousada.

    “Eu me apaixonei por isso aqui da primeira vez que vim”, diz Altino.

    O encanto virou preocupação quando o nível das águas começou a baixar, na estiagem de oito anos atrás.

    “Eu não queria continuar só desfrutando disso. Fui convidado para participar do nosso consórcio de municípios aqui, depois para participar do comitê da bacia local. Você vê que os seus problemas são muito parecidos e que, se a gente começar a conversar, se a gente começar a dialogar, sabe, a gente pode buscar a solução para os problemas”, afirma Altino.

    Altino aceitou o nosso convite e foi conhecer quem tem ideias parecidas num outro cenário. Luís Gustavo de Arruda Camargo é empresário e tem uma empresa de eventos em Campo Limpo Paulista, perto de São Paulo. Mas resolveu dedicar parte do tempo para resolver os problemas da cidade. Começou a ler as licitações da prefeitura e se espantou.

    “Teve licitação que errou até o nome da nossa cidade. A licitação é uma coisa séria que deve passar por revisão. Tem que ser revisado por várias pessoas”, contou.

    Luís Gustavo conheceu o Alan, especialista no assunto. Juntos, só em 2018, conseguiram no Tribunal de Contas do Estado a suspensão de cinco licitações. Eles explicam que, tão importante quanto analisar as licitações, é acompanhar a etapa seguinte: o cumprimento dos contratos.

    “Existem casos de uma carne numa qualidade excelente, um filé de frango, mas, vai ver, entregou pé de galinha, ou não entregou”, diz o consultor de licitações Alan Zaborski.

    O trabalho caseiro dos dois amigos economizou R$ 23 milhões para a população.

    A prefeitura diz que essa economia não é verdadeira, porque considera que os serviços são necessários e que as licitações vão prosseguir quando o tribunal de contas liberar os processos. Luís continua vigiando.

    “Se tiver o apoio do cidadão, fazendo uma fotografia, observando uma licitação, observando uma obra que está irregular, vai colaborar com a fiscalização. Os olhos da fiscalização serão ampliados com a participação do cidadão”, explica Luís Gustavo.

    Altino volta para a ilha com novos instrumentos para participar das decisões.

    “A partir do momento que você fiscalizar, que você fizer a sua parte, vai ficar muito mais difícil de os outros te enganarem e te iludirem”.

    O conhecimento também deixou a Claudete bem mais perto do Brasil que ela quer.

    “Eu me sinto com mais poder de cobrar, de exigir. Não adianta hoje votar. Nós temos que verificar, cobrar e exigir que eles façam a coisa certa”.

    Corrupção e correnteza são mesmo parecidas. Um dia a água baixa e revela o que estava escondido. É um processo difícil, lento, trabalhoso. Mas, aos poucos, os brasileiros vão abrindo caminho.

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