Começou nesta terça-feira (18), em Porto Alegre, o julgamento dos acusados de atacar três jovens por motivação religiosa. Esse crime foi há 13 anos.
Thiago Araújo da Silva, Fábio Roberto Sturm, e Laureano Vieira Toscani são acusados de tentativa de homicídio triplamente qualificado e lesões corporais.
A juíza Cristiane Buzatto Zardo explicou porque o processo demorou tanto tempo.
“Esse processo começou lá em maio de 2005, só que já começou o processo com 14 réus. Foram arroladas muitas testemunhas, então houve dificuldade em ouvir todo mundo, e um prazo muito grande para as defesas apresentarem as alegações finais”.
A agressão aos três jovens judeus foi em frente a um bar em Porto Alegre. A promotoria afirma que o grupo neonazista atingiu os rapazes com socos, canivete e faca.
De acordo com a investigação, na época do ataque os réus faziam parte de um grupo de skinheads, divulgavam conteúdos nazistas na internet e pregavam o preconceito contra negros, homossexuais, punks e judeus.
O Ministério Público levou para a sala do júri material de propaganda de grupos neonazistas apreendido na casa dos réus.
“Que haja condenação por esse crime hediondo, gravíssimo, que envolve discriminação racial, que envolve ataque em razão dos judeus, do povo judeu, do holocausto, e que efetivamente seja feita a justiça”, disse o promotor de Justiça Luciano Vaccaro.
As vítimas, que não querem se identificar, falaram do momento do ataque e se referiram ao pequeno chapéu usado pelos judeus.
“A gente estava de quipá os três. Tomei duas facadas e estou aqui vivo para contar agora o que aconteceu”.
Os réus, que aguardam julgamento em liberdade, declararam inocência e afirmam que só testemunharam uma confusão na rua.
“Estava no local do fato, mas que não participou, de forma alguma, do evento. Essa é a tese sustentada e que sempre foi”, disse a defensora pública Tatiana Kosby Boeira.